12/14/2012

Mini Max

A ORFEU MINI aposta no álbum ilustrado para miúdos e graúdos. Foi sempre essa a ideia. Ampliar o território artístico da Orfeu Negro e criar objectos inusitados em que todos os elementos dialogassem, das imagens ao papel, das palavras ao desenho gráfico. Objectos-livro e livros-objecto para todos. E em cuja realização todos participassem, sem a primazia do texto verbal, nem a ditadura do autor, ou seja, do escritor.

Na MINI começámos por editar O LIVRO INCLINADO, do artista americano Peter Newell, porta-estandarte de uma colecção que se iniciou, em 2008, com livros traduzidos e que conta hoje com os projectos originais da ilustradora Catarina Sobral, GREVE e ACHIMPA, e com o livro OINC! (uma co-edição Casa das Histórias), ilustrado pela pintora Paula Rego, recontado pela Isabel Minhós Martins e concebido pelo designer Rui Silva. É neste eixo que preferimos trabalhar, com os fazedores dos textos verbais e visuais, em partilha de ideias e com resultados mistos.

No universo do livro ilustrado, e é assim que gostamos de o nomear, reclamando novos termos linguísticos e novas perspectivas do chamado, e para nós defunto, livro infantil (adjectivo que se refere à criança, mas que também significa ingénuo, pueril, simples, tolo, o que nos poderá levar a pensar na razão de vermos ainda proliferar tanto livro adequado a tais acepções da palavra), interessa-nos o conteúdo e a forma, a forma do conteúdo e o conteúdo da forma. Para além da promoção da leitura (sem dúvida, fundamental), é necessária a promoção da literacia visual. Para além dos (benditos) apoios à edição do livro ilustrado no estrangeiro, é urgente criar instrumentos para os editores editarem em Portugal. Editarem bem. Poderem ir mais longe. O livro ilustrado exige enormes investimentos por parte do editor num país em que as tiragens médias são, actualmente, de 2000 exemplares (ou seja, baixas tiragens, maior custo). Por outro lado, talvez as livrarias (a maior parte) também precisem de repensar categorias de arrumação e até o próprio mobiliário. De modo a não condicionarem o editor porque o livro é “grande de mais”, é “um problema para arrumar”, é “torto”, é “para criança ou para adulto?” E, já agora, “para que idade exactamente”?

Give me a break!

Carla Oliveira (editora da orfeu negro)

2 comentários:

  1. "ditadura do autor"?! Terá sempre de haver colaboração entre texto e ilustração, caso existam os dois num livro.

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    1. Precisamente. Mas o escritor é muitas vezes considerado "O AUTOR" e o ilustrador alguém que decora o texto. É nessa prática que a Orfeu Mini não se revê.

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