2/18/2013

O IV Encontro Livreiro e o Associativismo do Livro em Portugal - Um desafio



Imagem de Pedro Vieira

No próximo dia 7 de Abril terá lugar o IV Encontro Livreiro, a concretizar na Livraria Culsete, em Setúbal, como é tradição. Dinamizado pelo livreiro Manuel Medeiros, «O Encontro» constitui já uma realidade que, pelas melhores razões, se afirmou no mundo do livro em Portugal. Conversa, debate e troca de ideias entre as gentes do livro, num ambiente descontraído, são os ingredientes, tão simples quanto estimulantes, que propiciam o sucesso e a continuidade da iniciativa. Penitencio-me por nunca se me ter proporcionado participar; não por falta de interesse ou por desconhecimento, até porque o Nuno [Medeiros] bem criou o apetite e me instou para ir até lá.

Agora, ao tomar conhecimento de que já está na forja a próxima sessão, arrisco deixar aqui um desafio que remete para os tempos (2008-2009) em que tive a responsabilidade de liderar a APEL, e para o objectivo que então foi prosseguido pela direcção da Associação no sentido de agregar mais livreiros independentes no seu seio.

Porque os livreiros em geral, e os livreiros independentes em particular, constituem um elo indispensável para a promover a difusão do livro e assegurar a pluralidade da edição e da cultura, tivemos então contactos com vários profissionais livreiros e levámos a cabo uma iniciativa que se integrava no conceito de valorização e ganho de protagonismo das livrarias: no período imediatamente anterior à realização das Feiras do Livro de Lisboa e do Porto, a APEL organizou a «Semana dos Livreiros» com a colaboração activa da Câmara Municipal de Lisboa, a qual disponibilizou espaços públicos às livrarias aderentes, com isenção de taxas, e levou a cabo acções de promoção do livro em diversas bibliotecas, incluindo uma sessão alargada na Biblioteca Municipal Palácio Galveias. Devo dizer que apesar dos insistentes esforços desenvolvidos não foram muitas as livrarias que aderiram, mas foi grande o entusiasmo com que o fizeram e positiva a obtenção do efeito pretendido. Sei que a iniciativa teve continuidade em anos seguintes, embora a adesão ficasse aquém das expectativas geradas e dos objectivos pretendidos.

Vem isto a propósito de algo que considero ser relevante nos tempos conturbados que se vivem, e para cuja concretização o «Encontro Livreiro» reúne, na minha perspectiva, as melhores condições para servir de embrião: fortalecer a participação dos livreiros no âmbito da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. Isto porque continuo a pensar que é no seio da APEL que se podem criar condições imprescindíveis para expor, discutir e encontrar soluções para consensualizar interesses e posições que, sendo por natureza contraditórios em múltiplos aspectos de carácter comercial, são comuns no que respeita ao essencial do que motiva quantos vivem no mundo do livro.

Estou consciente que não é tarefa fácil, tanto pelo fraco entusiasmo que o associativismo desperta no nosso país, como pelos escolhos acrescidos que resultam das consolidações – editorial e livreira -, e pela crescente verticalização do negócio do livro a que se tem vindo a assistir. Mas estou quase certo que, entre outros, seriam consideravelmente vantajosos - e progressivamente optimizáveis -, os benefícios que se poderiam obter com a partilha de informação, a criação de condições para enfrentar os desafios da inovação tecnológica, a realização de actividades conjuntas, a antecipação e minimização de conflitos de interesses, o encontro de denominadores comuns para lidar com situações anacrónicas que distorcem o mercado, e o incremento do poder negocial junto dos poderes públicos.

Com votos de um grande sucesso para o «IV Encontro Livreiro», aqui deixo o desafio.

Actualização: para informação complementar sobre o «IV Encontro Livreiro».

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